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Livro de Ziraldo é tirado de escolas municipais em Conselheiro Lafaiete/MG e gera crítica de censura
Secretaria de Educação da cidade reconhece a importância do livro e diz que agiu atendendo a pedido de pais de alunos
Por Helem Lara
21 de Junho de 2024 às 11:06
Mais uma discussão sobre censura de livros no Brasil, agora envolvendo a obra “O Menino Marrom”, de Ziraldo. Por causa da pressão de alguns pais e mães, a Secretaria Municipal de Educação da cidade mineira de Conselheiro Lafaiete decidiu suspender os trabalhos que estavam sendo realizados, em sala de aula, com alunos do Ensino Fundamental. Os responsáveis alegam que parte do conteúdo é “extremamente agressivo”.
Publicado em 1986, o livro “O Menino Marrom” narra a história de dois amigos, um negro e um branco, que exploram juntos o significado das cores e questionam se essas diferenças os tornam distintos. Alguns pais alegaram que certos trechos do texto poderiam incentivar comportamentos negativos nas crianças.
Publicado em 1986, o livro “O Menino Marrom” narra a história de dois amigos, um negro e um branco, que exploram juntos o significado das cores e questionam se essas diferenças os tornam distintos. Alguns pais alegaram que certos trechos do texto poderiam incentivar comportamentos negativos nas crianças.
Ziraldo, um mineiro falecido em abril deste ano aos 91 anos, foi um escritor, desenhista, chargista, caricaturista e jornalista de grande renome, sendo um dos fundadores do jornal “O Pasquim” na década de 1960 e autor do famoso “O Menino Maluquinho”.
Trechos Controversos
Um dos trechos mencionados pelos pais em Conselheiro Lafaiete descreve um possível pacto de sangue entre os meninos, que não se realiza:
“‘Temos que fazer o pacto de sangue!’. Um deles foi até a cozinha buscar uma faca de ponta para furar os pulsos.”
A história termina com os personagens optando por usar tinta azul em vez de sangue:
“Ficaram os dois com as pontas do fura-bolos cheias de tinta azul.”
Outro trecho polêmico envolve um pensamento negativo do protagonista sobre uma senhora que recusou sua ajuda para atravessar a rua, mas a ação não se concretiza, sendo apenas um pensamento.
A decisão da Secretaria gerou reação entre professores e especialistas e a discussão logo ganhou força na internet. Enquanto algumas pessoas defendem a decisão, outras afirmam que ela é preocupante, um ato de censura.
A decisão da Secretaria gerou reação entre professores e especialistas e a discussão logo ganhou força na internet. Enquanto algumas pessoas defendem a decisão, outras afirmam que ela é preocupante, um ato de censura.
Em nota publicada nas redes sociais, a Secretaria afirma a importância do livro. Disse que “a história, lançada em 1986, centrada na amizade entre o Menino Marrom e o Menino Branco, promove discussões essenciais sobre respeito às diferenças e igualdade”.
Apesar disso, a nota conclui que: “ respeitando as preocupações dos pais e da comunidade escolar, decidiu pela suspensão temporária dos trabalhos realizados sobre o livro”.
Nos comentários, várias pessoas se manifestaram contra a decisão, dizendo, por exemplo, que é absurdo censurar um livro, principalmente uma obra escrita por um mineiro tão consagrado.
Nos comentários, várias pessoas se manifestaram contra a decisão, dizendo, por exemplo, que é absurdo censurar um livro, principalmente uma obra escrita por um mineiro tão consagrado.
Quem é Ziraldo?
Ziraldo nasceu em Minas Gerais, na cidade de Caratinga, em outubro de 1932. Ele morreu em abril deste ano, aos 91 anos de idade. Escritor, desenhista, chargista, caricaturista e jornalista, foi um dos fundadores do jornal "O Pasquim” e se consagrou como um dos principais autores de livros infantis do Brasil. A sua obra de maior renome é "O Menino Maluquinho”, também adaptado para o cinema.
O escritor Jeferson Tenório, que recentemente teve a sua principal obra, O Avesso da Pele, retirada de bibliotecas públicas no Paraná, também se manifestou pela redes sociais. Disse que os pais não devem pautar os planos de aula, porque isso é atribuição dos professores e da equipe pedagógica.
Tenório opinou ainda que essas atitudes autoritárias querem acabar com a formação do pensamento crítico em crianças e adolescentes.
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